domingo, 13 de fevereiro de 2011

Sutileza sob o azul...

Ontem eu estava assistindo, comer, rezar, amar; fechando com chave de ouro um último final de semana de filmes, com a minha linda, e original mãe. E é tão interessante perceber, que mudamos, demos um passo, e aprendemos com um erro passado. Hoje eu sei que as cicatrizes que eu trago , me mudaram de alguma forma, e com certeza me mudaram pra melhor, antes eu me agarrava as coisas, com medo de perdê-las, mesmo já tendo perdido.
Hoje eu as deixo livres, não é fácil abrir de mão de algo que se quer muito, não foi fácil e nenhum momento é. Mas as coisas a acontecem do modo que tem de acontecer, as vezes me agarrando as coisas, eu perco a vista linda, das oportunidades que vão se despindo a minha frente. Lembra de quando éramos crianças, e a melhor coisa da festa de aniversário eram as bexigas? Brincávamos por horas e horas, de não deixá-las cair no chão, e no fim da festa era aquela vontade de levá-las pra casa, como se pudéssemos congelar, aquele suave momento de alegria. E no dia seguinte, ela murcharam, e já não é mais tão divertido e nem tão bonito, tentamos prender elas com a gente e perdemos a sutileza, acho que com os sentimentos são a mesma coisa.
Por isso eu soltei, não por que eu não quero mais, pelo contrário, quero e quero muito, mas não quero sufocar uma coisa, que é suave. Então ao invés de levar as bexigas pra casa, eu vou soltá-las, ver o planar gostoso sob o azul do céu, se um dia for pra eu ter aquela alegria de volta, que ela volte por vontade própria, não existem sentimentos que nascem da pressão, eles simplesmente acontecem, e eu espero que aconteça novamente, quero muito que seja com a mesma pessoa, mas se não for, não vou ser um mártir. Vou curtir o que tiver que vir, se for o que desejo não vou reclamar, senão for, vou aceitar, não com a acomodação de quem aceita tudo, mas com a resignação de quem aproveita, sem esgotar, sem exagerar, quando sei, que a partir de certo momento não depende só de mim, é preciso o desejo da outra pessoa também e eu aprendi a respeitar. Então hoje eu solto as bexigas livre no ar, feliz pelos momentos que eu tive com elas, talvez saudosa com a partida, mas nunca nunca sem a lembrança do que elas foram.
Esse é um assassinato que eu não aceito, que as lembranças permaneçam vivas e palpáveis, porque isso sim, isso eu posso ter comigo, sem sufocar, sem nunca se esgotar, posso até criar um futuro que não existe, posso desejar que ele exista, e assim sem nem perceber o tempo passar a gente muda, e mais um passo a frente, é o que acontece sempre, independente se a transição foi boa ou ruim.
Hoje eu lembro a partida das bexigas, e me encho de saudade das lembranças, de um coração que insiste em ser criança e crer sempre.