terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Há de se comemorar que os espinhos são partes das rosas.


O pequenino ansioso por alçar vôo, tem perdido a fé, a fé no mundo, a fé em tudo que vive ao seu redor, respira e até a respiração parece mero fingimento, e assim esse pássaro de papel se encolhe no escuro, e na sua busca pela solidão, encontra um andarilho em seu caminho era um pássaro de carne e osso, pequeno e branco com a delicadeza de uma rosa, com pequenas manchas vermelhas em seu peito. E aquele que não voa indagou o que eram aquelas manchas? Com um timbre suave o voador que sangrava respondeu, são espinhos, cada um por cada ser que eu conheci no meu caminho. Era intrigante para um ser que é de papel ver alguém sangrar por vontade própria, então ele questionou: você cravou um espinho no peito por cada um que já conheceu, por quê? Cada um que você conhece é uma perda futura, mas nos espetamos, por mais que alguns sangrem e mostrem pra mim todos os dias a decepção, eu só preciso de um que valha a pena, que valha a dor, que no fundo não chegará nem a ser dor, e eu vou esquecer o que sacrifiquei no caminho, confiando e não me fechando, esperando a hora certa, o companheiro certo, o momento em que o todo é maior do que a soma das partes. O voador de papel fez cara de interrogação. E então sábio andarilho lhe respondeu: é como um filme que você assiste, grandes filmes não são feitos de grandes acontecimentos, grandes explosões e clímax o tempo todo, os grandes filmes são construídos nas dificuldades das personagens de modo lento e precisa ser paciente e atento pra perceber, pois no fim o filme sem grandes ápices em seu decorrer, tem a maior emoção no todo e o todo se torna maior do que soma das partes, as partes em que a história lutava para acontecer, nos filmes com grandes explosões e cenas com grandes efeitos especiais vão se acumulando e acumulando e no fim o todo foi bem menor do que a soma das partes, talvez uma parte qualquer valesse muito mais do que o todo. O mesmo acontece com a vida, agora você só consegue ver os espinhos, mais o meu todo é maior do que a soma das partes, porque eu me arrisquei, eu desejei e não me amedrontei, e é assim que é, você continua do modo como acha correto, do jeito que seu coração te impulsiona e não perde a fé, e veja o todo, e não somente as partes...não viva em fragmentos, porque somos o todo.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Razão sem razão...


E naquele dia ao olhar o horizonte o pequeno aspirante a voador só conseguia pensar, em quão injusto são os sentimentos. Ou que a injustiça acontece justamente pelo alvo de nossos mais puros e complexos segredos levados dentro do peito os maiores paradoxos e abstrações. Porque infelizmente não basta ter um pássaro lindo, educado, carinhoso e disposto a tudo para que a centelha que o faça voar acenda. Não, o coração simplesmente se intromete, não por que ele seja mais sábio, ele tem uma razão equivocada que a própria razão nele não confia. E o passarinho de papel simplesmente se apaixonou sem nenhuma razão aparente, talvez fossem os olhos, ou o abraço que traziam a calma e o silêncio do mundo, a centelha de voar estava acesa, mas como o coração vive sem razão o dono da centelha do nosso amigo que ainda não pode voar, voou pra longe e não sabe mais como voltar, e por mais que o passarinho de papel quisesse odiar aquele que simplesmente se foi, o pequenino só conseguia odiar a si mesmo, pela completa falta de capacidade de odiar aquele que guarda a calma e o silêncio de seu mundo. E por mais que ele tenha pensando que no fim o fato da partida tenha o tornado INSIGNIFICANTE com letras maiúsculas, simplesmente cada dia era uma nova conquista, só pra viver com a sua ausência, era um aprendizado duro, mas o qual ele sabia que tinha que passar. Mas se uma estrela cadente passasse ao lado de nosso amigo, eu sei que ele não excitaria em desejar, desejar lutar pra não pegar no sono só pra ver aquele sorriso ao seu lado em seu leito só pra ficar debaixo daquelas asas ao som da respiração, ao calor a sua vontade de voar e fechar os olhos e esperar que aquilo durasse pra sempre. Mas a estrela ainda não passou e o passarinho de papel ainda não voou.