sábado, 3 de dezembro de 2011

Só um passarinho de papel...

Era só um pássaro de papel tinha asas que não sabia usar, e por medo de perder, se prendia mais e mais as coisas da terra e nunca conseguia flutuar, e quanto mais se enraizava aos seres terrenos, mas eles lhe escapavam, na intensidade de se prender sufocava a sutileza, e assim aprendeu a soltar a deixar ir, começa a sair levemente do chão, mas o peso da ausência ainda o puxa pra terra e por mais que se identifique com um pássaro majestoso azul de asas grandes, um pássaro que pode agarrar o mundo num só movimento de asas, que conhece a dor do mundo, algo que tão recente esse pássaro que não plana descobriu, às vezes simplesmente o frágil passarinho só queria ser fogo e poder transmutar toda essa energia, que parece estar no lugar errado, na época errada. E o fogo não o faria voar? Nas costas do vento, nas coxas do mar, nos lábios da vida. Esse passarinho sabe que a liberdade é só um sonho que um dia lhe contaram, um sonho que por aqui não existe, não importa como e nem onde, sempre existe algo que nos prende. E hoje o pássaro está preso na ausência, e ele deseja que este ausente sorridente tenha tudo que o mundo possa oferecer que esse ausente simplesmente voe e não deixe o rancor o endurecer, que seja leve e suave mesmo que distante. Que seja fogo e queime em um só instante.

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