quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Cenas do meu filme...


Tem tanta coisa que acontece na vida da gente. Que às vezes a mudança é tão lenta e progressiva que só reparamos quando ela realmente está concluída, é um longo caminho e o aprendizado nunca acaba, isso é bom, seria monótono não ter mais nada pra se surpreender. Uma vez um amigo me disse que quando se é jovem parece que tudo é o final do mundo, uma briga com a mãe, um término, que pode ser na verdade um recomeço. Se eu tivesse que arriscar diria que parece o fim do mundo porque são coisas que experimentamos pela primeira vez com uma intensidade que não estamos preparados que até então nem sabíamos que existia. Às vezes me pego pensando em tudo que foi até eu chegar até aqui, em tudo que eu aprendi e ainda me surpreendo com as pessoas maravilhosas que eu conheci. Primeiro meu mundo desabou quando tive que sair da cidade que era o meu mundo, tudo que eu conhecia. Pra um mundo desconhecido, pra uma outra realidade, bambeei e com dificuldades me equilibrei, foi ai que eu descobri que precisava me expressar e com isso vieram os piercings e as tattoos, tão mal vistos por tanta gente, mas que fazem parte de mim e acho que estamos bem longe dos tempos em isso era coisa de pirata, maloqueiro e drogado, pra mim é só algo meu que eu vou levar pra sempre com o maior carinho, minha identidade. Me equilibrei e conheci pessoas que foram essenciais pra formação da minha personalidade, três amigos que por muito tempo foram tudo na minha vida, meu chão, meu céu, minha diversão. Mas como faz parte da vida, meu mundo desabou novamente, pra me mostrar que eu tinha que ampliar, somar, multiplicar, aprendi a fazer mais amizades, sem medo e sem me fechar só aos antigos amigos, nem preciso falar como a vida foi generosa comigo, as pessoas que eu encontrei no meu caminho, me cativaram, me inspiraram, acreditaram em mim, me colocaram pra cima, me colocaram na real e voltei a caminhar de novo. Pessoas que me fizeram sorrir, quando o que eu mais queria era desabar, fizeram parte da minha vida, quando eu tive que deixar parte dela de lado, pro bem da minha saúde mental e emocional, sabe o que é mais difícil do que se afastar das pessoas??? É se afastar de pessoas que você ama, mas descobre que não te fazem bem. É difícil dar prioridade pra nós mesmos. Difícil acabar com o motivo da sua dor, se ela te dá uma ponta de prazer. E assim eu descobri amigos que me ajudaram, mas como muitas coisas na vida passaram, ainda tenho eles comigo, mas a distância, e isso também foi um teste duro. Foi quando apareceu o teatro e eu descobri de verdade o que eu queria fazer e como eu queria ser, quem eu queria ser. Comecei a ver que só você pode acabar com a sua dor, só você melhora o que não está bom. Que você pode ver os obstáculos como impedimentos ou como um desafio a ser superado, não há situação que não tenha o seu lado bom, algumas situações exigem que você vasculhe e procure bastante esse lado, mas a perseverança o revela. E agora? Me sinto uma pessoa melhor, sem tanto medo de cair e sabendo curtir a presença de quem me é raro, fazendo as pessoas que eu gosto felizes, porque consequentemente fico feliz também. E o meu momento? Uma frase da Clarice Lispector o define muito bem : " Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito". E ainda como diz a música de Rita Lee " Desenhos que a vida vai fazendo, desbotam alguns, uns ficam iguais, entre corações que tenho tatuados, de você me lembro mais". Por mais que isso me incomode é em você que eu penso mais...

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